segunda-feira, março 31, 2008

pro santo

Pro Santo.

por Alessandro Araújo

Enxerguei-a, riscando círculos com uma pedra vermelha, em uma das faixas de pedestre, mirando o semáforo. O sinal verde se acendia. Ela delineava círculos. Os carros passavam.

– Quer morrer?

Riu e correu. No breu foi até a outra esquina, ajoelhou-se e esboçou mais circunferências no asfalto.

Acendi um cigarro antes de engolir de uma vez a cachaça que o barbudo serviu. Voltei os olhos para a esquina e a Figura assustou-se com o sinal vermelho. Eu estava distante, mesmo assim pude ouvir sua voz de fome:

– A verdade está de olhos famintos. Franziu a testa, mas ao iluminar da luz vermelha estarreceu-se e fugiu. Os carros buzinavam.

– Sai!

A boemia comentou assim como eu, aos berros, que igualmente beberiam. Estiquei o pescoço e fracassei, não a vi. Sentia frio, aquele agasalho que conquistei no inverno passado estava aos trapos, meus sapatos velhos e cabelos gosmentos. O barbudo era plena desconfiança. Implorei a última dose como um político por voto. Ele botou menos do que uma dose, bateu o copo no balcão raspando em meu dedo indicador. Degustei vagarosamente exibindo minha boca umedecida para o barbudo. Olho por dente, quem me disse outra vez foi a Figura. No último gole fiz charme de gatuno, olhei as horas, levantei-me, penteei meus cabelos e abri a carteira. Joguei duas notas e dei as costas.

Caminhei para a esquina observando as faixas, categorizei os círculos vermelhos. Disfarcei cuspindo ao chão e pisei, foi o lembrete de meus sapatos podres, quando senti um dos meus pés umedecer. Forcei a memória, foi por esta rua que ela entrou. Instantaneamente girei meu tronco franzino. Nada. No relance avistei mais uma circunferência, pequena e fina, delicadamente toquei. Estava fresca porque dela ainda saía poeira, me enchi de alegria infantil pela possibilidade abrupta de reencontrá-la. Como se visse pinga em encruzilhada balancei-me todo, enquanto a chama do cigarro clareava meus lábios na escuridão.

Em frente havia um motel e o luminoso falhava. Lia-se MO, depois TEL e no terceiro piscar do ciclo MOTE. Havia um menino sentado atrás, em um caixote, segurava uma sacola plástica. Levava até a boca e colava-se. O rastro do risco dava no motel. Cobri-me de lucidez colocando as mãos no bolso. Estufei o peito ao ouvir ranger a porta do motel. E de lá um senhor engravatado abriu sociável sorriso. Convidava citando preços, mas em meus bolsos apenas as mãos. Tentei perguntar o paradeiro da Figura. O intratável apontou as promoções da noite. O menino iniciou meu silêncio quando gargalhou. Percebi o dano que causaria a minha imagem racional. Neguei-me. Calei-me e imitei o menino. Aos passos pigarreei em direção a esquina seguinte.

Quando foi a última vez que ela sorriu para mim. Estas lembranças. Isto sim era felicidade. Meu nome quem se lembra? A mim já basta. Sentado sentia felicidade de ganho no bicho acariciando a aguardente com a língua. Era assim que a Figura ria para mim. Em noite igual, sentado como aquele menino. Idêntico. Mas em meu estilo clássico. Ela de saía jeans e andar malicioso nas más línguas. Segurava como se fosse soltar ao chão aquela garrafa lacrada. Fitava-me insinuando a certeza.

– Dê-me um cigarro? Servi-a, calmo. Mas não disse uma frase, maldita! Estávamos no vale do Anhangabaú deitados bebendo e olhando o céu escuro. Ébrio momento de ágeis línguas. Depois de tudo, ela passeava os dedos em meu rosto gasto. Murmurava docemente:

– Meu único de graça!

A cada pisar a nostalgia ia de encontro aos círculos. Ela só podia ter se escondido lá. Clareava minhas idéias nuas. Sem pestanejar já estava com as luzes piscando sobre meu casaco. O engravatado não perdeu tempo comigo. Desisti. Não entendia os círculos, mas só podia ser ela. Não havia possibilidade de adentrar aquele motel sem notas, os seguranças me botariam pra fora às tapas. A angústia tomou-me conta. Mais três quarteirões eu chegava ao terminal Bandeira. Parado ofegava na fila do ônibus. Rapidamente se encheu. Pedi ao cobrador para passar por baixo. Autorizou-me como um ditador. Os olhos dos passageiros faziam minhas ações lentas. Envergonhado abaixei a cabeça e retirei os papéis. Falei, como um advogado pelo seu cliente: “Meussenhores e senhoras. Tenho trêsfilhos e tô desempregado. Pesso que mi ajude pelo amor de Jesus sagrado. O médico disse que minha bixiga não pode ter mijo. E tenho que toma rimédio caro. Não arrumo imprego. Me ajude pois quem divedi o pão, Jesus dá im drobo. Obrigado e desculpa o imcomodo. E o santo lhe acompanhe!”. Era exatamente o que estava escrito. Mas aqueles gestos e trajes tornavam-me cego, mudo, surdo e invisível para os passageiros. A velhinha do último banco reclamou do mau cheiro. O jovem gordo não esperou o papel chegar até ele. Levantou-se desabotoando o terno. Abriu a palma de minha mão em três notas gritando:

– Irmãos! Deus disse para não julgarmos os outros! Para não oprimir os vagabundos e parasitas da sociedade! Não Julgarás para não ser julgado! Não ouvi o resto. Timidamente agradeci e dei o sinal para descer.

Em alguns metros da avenida Nove de Julho, um adolescente caído de bêbado. Vasculhei seus bolsos. Descobri três notas. Ele não obteve sucesso em reagir, andei apressado. Vi minha felicidade no letreiro, MOTE. O engravatado interrogou-me:

– Quanto?

– Cinco notas.

– Só!

– Como só? Não era isso?

– Vai! Vai! Sobe e não me enche! No fim das escadas o néon, o balcão e mulheres nuas. Girei no centro do salão. Adentrei pelo corredor, três quartos. Gritei pela Figura. Arrombei a porta de um deles com o pé. Em um tempo curto, fui preso pelas costas e jogado escadas a baixo. O menino assoprou a sacola e gargalhou. Desesperadamente limpei-me das vergonhas resmungando. Num sopro saltei do chão. Fracassado, andando pelos becos. Um assombro me deu no caminho da Praça da República, naquela rua famosa. A Barão. Um círculo mais forte e vermelho que os outros. Eu o tocava curioso. Quando escondido atrás do banco. Foi ali, a última vez que a vi. Grande Figura. Triste e vermelha Figura. Rodeada por cinco homens, sem pudor. Surravam. Espancavam. Em uma das faixas de pedestre.

Acordei. Levantei meu rosto que estava colado. Foi sonho. O barbudo bateu o copo no balcão raspando em meu cotovelo, levantei-me bruscamente. Sem remorso, levantei o copo, joguei a metade da cachaça no chão e berrei:

– Pro Santo! A boêmia riu extasiada. Olhei as horas, levantei-me, penteei meus cabelos e abri a carteira. Joguei duas notas pro Barbudo e dei as costas.

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da Caros Amigos, para meus Caros Leitores

Depois das notícias ruins que muito me entristeceram no domingo, eis a boa da semana pra fechar o mês com chave de oro ( bem lembrando a tequila mesmo)

parabéns Léo!!!!!

Pro Santo.

por Alessandro Araújo

Enxerguei-a, riscando círculos com uma pedra vermelha, em uma das faixas de pedestre, mirando o semáforo. O sinal verde se acendia. Ela delineava círculos. Os carros passavam.

– Quer morrer?

Riu e correu. No breu foi até a outra esquina, ajoelhou-se e esboçou mais circunferências no asfalto.

Acendi um cigarro antes de engolir de uma vez a cachaça que o barbudo serviu. Voltei os olhos para a esquina e a Figura assustou-se com o sinal vermelho. Eu estava distante, mesmo assim pude ouvir sua voz de fome:

– A verdade está de olhos famintos. Franziu a testa, mas ao iluminar da luz vermelha estarreceu-se e fugiu. Os carros buzinavam.

– Sai!

A boemia comentou assim como eu, aos berros, que igualmente beberiam. Estiquei o pescoço e fracassei, não a vi. Sentia frio, aquele agasalho que conquistei no inverno passado estava aos trapos, meus sapatos velhos e cabelos gosmentos. O barbudo era plena desconfiança. Implorei a última dose como um político por voto. Ele botou menos do que uma dose, bateu o copo no balcão raspando em meu dedo indicador. Degustei vagarosamente exibindo minha boca umedecida para o barbudo. Olho por dente, quem me disse outra vez foi a Figura. No último gole fiz charme de gatuno, olhei as horas, levantei-me, penteei meus cabelos e abri a carteira. Joguei duas notas e dei as costas.

Caminhei para a esquina observando as faixas, categorizei os círculos vermelhos. Disfarcei cuspindo ao chão e pisei, foi o lembrete de meus sapatos podres, quando senti um dos meus pés umedecer. Forcei a memória, foi por esta rua que ela entrou. Instantaneamente girei meu tronco franzino. Nada. No relance avistei mais uma circunferência, pequena e fina, delicadamente toquei. Estava fresca porque dela ainda saía poeira, me enchi de alegria infantil pela possibilidade abrupta de reencontrá-la. Como se visse pinga em encruzilhada balancei-me todo, enquanto a chama do cigarro clareava meus lábios na escuridão.

Em frente havia um motel e o luminoso falhava. Lia-se MO, depois TEL e no terceiro piscar do ciclo MOTE. Havia um menino sentado atrás, em um caixote, segurava uma sacola plástica. Levava até a boca e colava-se. O rastro do risco dava no motel. Cobri-me de lucidez colocando as mãos no bolso. Estufei o peito ao ouvir ranger a porta do motel. E de lá um senhor engravatado abriu sociável sorriso. Convidava citando preços, mas em meus bolsos apenas as mãos. Tentei perguntar o paradeiro da Figura. O intratável apontou as promoções da noite. O menino iniciou meu silêncio quando gargalhou. Percebi o dano que causaria a minha imagem racional. Neguei-me. Calei-me e imitei o menino. Aos passos pigarreei em direção a esquina seguinte.

Quando foi a última vez que ela sorriu para mim. Estas lembranças. Isto sim era felicidade. Meu nome quem se lembra? A mim já basta. Sentado sentia felicidade de ganho no bicho acariciando a aguardente com a língua. Era assim que a Figura ria para mim. Em noite igual, sentado como aquele menino. Idêntico. Mas em meu estilo clássico. Ela de saía jeans e andar malicioso nas más línguas. Segurava como se fosse soltar ao chão aquela garrafa lacrada. Fitava-me insinuando a certeza.

– Dê-me um cigarro? Servi-a, calmo. Mas não disse uma frase, maldita! Estávamos no vale do Anhangabaú deitados bebendo e olhando o céu escuro. Ébrio momento de ágeis línguas. Depois de tudo, ela passeava os dedos em meu rosto gasto. Murmurava docemente:

– Meu único de graça!

A cada pisar a nostalgia ia de encontro aos círculos. Ela só podia ter se escondido lá. Clareava minhas idéias nuas. Sem pestanejar já estava com as luzes piscando sobre meu casaco. O engravatado não perdeu tempo comigo. Desisti. Não entendia os círculos, mas só podia ser ela. Não havia possibilidade de adentrar aquele motel sem notas, os seguranças me botariam pra fora às tapas. A angústia tomou-me conta. Mais três quarteirões eu chegava ao terminal Bandeira. Parado ofegava na fila do ônibus. Rapidamente se encheu. Pedi ao cobrador para passar por baixo. Autorizou-me como um ditador. Os olhos dos passageiros faziam minhas ações lentas. Envergonhado abaixei a cabeça e retirei os papéis. Falei, como um advogado pelo seu cliente: “Meussenhores e senhoras. Tenho trêsfilhos e tô desempregado. Pesso que mi ajude pelo amor de Jesus sagrado. O médico disse que minha bixiga não pode ter mijo. E tenho que toma rimédio caro. Não arrumo imprego. Me ajude pois quem divedi o pão, Jesus dá im drobo. Obrigado e desculpa o imcomodo. E o santo lhe acompanhe!”. Era exatamente o que estava escrito. Mas aqueles gestos e trajes tornavam-me cego, mudo, surdo e invisível para os passageiros. A velhinha do último banco reclamou do mau cheiro. O jovem gordo não esperou o papel chegar até ele. Levantou-se desabotoando o terno. Abriu a palma de minha mão em três notas gritando:

– Irmãos! Deus disse para não julgarmos os outros! Para não oprimir os vagabundos e parasitas da sociedade! Não Julgarás para não ser julgado! Não ouvi o resto. Timidamente agradeci e dei o sinal para descer.

Em alguns metros da avenida Nove de Julho, um adolescente caído de bêbado. Vasculhei seus bolsos. Descobri três notas. Ele não obteve sucesso em reagir, andei apressado. Vi minha felicidade no letreiro, MOTE. O engravatado interrogou-me:

– Quanto?

– Cinco notas.

– Só!

– Como só? Não era isso?

– Vai! Vai! Sobe e não me enche! No fim das escadas o néon, o balcão e mulheres nuas. Girei no centro do salão. Adentrei pelo corredor, três quartos. Gritei pela Figura. Arrombei a porta de um deles com o pé. Em um tempo curto, fui preso pelas costas e jogado escadas a baixo. O menino assoprou a sacola e gargalhou. Desesperadamente limpei-me das vergonhas resmungando. Num sopro saltei do chão. Fracassado, andando pelos becos. Um assombro me deu no caminho da Praça da República, naquela rua famosa. A Barão. Um círculo mais forte e vermelho que os outros. Eu o tocava curioso. Quando escondido atrás do banco. Foi ali, a última vez que a vi. Grande Figura. Triste e vermelha Figura. Rodeada por cinco homens, sem pudor. Surravam. Espancavam. Em uma das faixas de pedestre.

Acordei. Levantei meu rosto que estava colado. Foi sonho. O barbudo bateu o copo no balcão raspando em meu cotovelo, levantei-me bruscamente. Sem remorso, levantei o copo, joguei a metade da cachaça no chão e berrei:

– Pro Santo! A boêmia riu extasiada. Olhei as horas, levantei-me, penteei meus cabelos e abri a carteira. Joguei duas notas pro Barbudo e dei as costas.



Alessandro, 24 anos jovem escritor publica Pro Santo, conto de seu primeiro livro BAIRRISTAS

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quarta-feira, março 19, 2008

Cem Marias para cada Madeleine

por Natalia Viana

Esse texto poderia começar de muitos jeitos, mas acho que o melhor é começar pelo sábado, 26 de janeiro de 2008. Eu, sentada ao lado do editor do jornal britânico Independent, onde trabalhei durante alguns meses, anunciava minha saída e aproveitava para perguntar se a eles interessariam reportagens free-lancer sobre a América do Sul, que eu poderia fazer quando voltasse. A resposta:
- Olha, ainda vale a velha regra: mil peruanos equivalem a 10 franceses. Então é assim, se tiver um acidente, um desastre muito grande...
A frase não me surpreendeu. Não foram poucas às vezes, ao longo desse ano e meio vivendo em Londres, em que ouvi jornalistas me dizendo claramente que à imprensa inglesa não interessa a América Latina. Mas ela apontou para uma coisa seriíssima que está acontecendo com o nosso próprio jornalismo internacional. Explico.
Com a falta de dinheiro na maioria das empresas de mídia no Brasil, e ao mesmo tempo com o advento da internet e dos canais de notícias 24 horas, a notícia internacional, se antes era mercadoria, agora virou mercadoria baratíssima.
Para preencher tanto espaço em branco, em tão pouco tempo, os veículos optaram pelos serviços das agências internacionais, um punhado de empresas – todas sediadas em países ricos – que dizem ao mundo todo o que é notícia e o que não é. Assim, a Reuters, de origem alemã e sede em Londres, a CNN americana, a AFP francesa, a BBC inglesa – financiada, não por acaso, pelo Ministério do Exterior britânico – difundem a sua visão de mundo, a sua própria cultura e o seu jeito de fazer jornalismo.
Não é negativo o advento das agências de notícias. É fantástico poder ter informações rápidas de vários cantos do globo com um grau razoável de confiabilidade. O problema é como o nosso jornalismo internacional tem cada vez mais se baseado apenas no que dizem essas agências.
Funciona assim: o repórter de uma agência escreve a matéria, entrevistando essa e aquela pessoa que considera relevante. Seu texto então é editado por alguém na sede, invariavelmente em um país do norte, e checado contra as informações de outra dessas agências. Se há um serviço em português, os redatores terão que simplesmente traduzir a notícia, e assim ela chega a nós.
Hoje, no caso do Brasil, é cada vez mais comum que as publicações diárias usem esses mesmos relatos, vindos de diferentes agências, para compor a reportagem que virá na edição do dia seguinte. O mesmo acontece com as revistas e com os canais de notícia da TV.
Há exemplos chocantes, como o fato de muitas informações que lemos sobre a América do Sul terem sido coletadas por repórteres americanos, ingleses, franceses, enviados para a Europa e traduzidas antes de serem reescritas para o nosso consumo. Estamos, na prática, terceirizando a nossa visão sobre o mundo.
Um dos tristes resultados desse novo modelo é a morte lenta e dolorosa da figura do nosso correspondente internacional. Há ainda ótimos correspondentes, claro, mas cada vez em menor número.
Os que ainda sonham testemunhar e reportar coisas significativas que acontecem no mundo têm que se contentar com um pagamento magríssimo. Em conseqüência, sou testemunha da explosão de novos tipos de jornalistas até então inéditos, como a correspondente-e-garçonete, correspondente-e-carregador-de-malas, correspondente-e-babá. Sendo, sempre, o subemprego o trabalho principal e o jornalismo quando se tem tempo.
É o colonialismo noticioso: embora a globalização tenha trazido melhores relações internacionais para o Brasil, com negócios, turismo, imigração, etc, estamos aceitando sempre a versão da história que nos está sendo contada pelas agências, condizente com a sua linha editorial, e, mais a fundo, com os seus preconceitos.
Um bom exemplo foi a avidez com que a imprensa brasileira acompanhou o sumiço da menina inglesa Madeleine MCcann, em Portugal, no ano passado. Por aqui, a cobertura foi obsessiva, pra pegar leve. A cada dia novos detalhes, na maioria infundados, apareciam e eram reproduzidos incessantemente por sites brasileiros, canais de TV e até jornais. Engolimos sem refletir que, na balança das agências globais, a vida de uma linda menininha inglesa sempre vai valer mais do que cem Marias brasileiras.
Foi isso que me veio à cabeça ouvindo a resposta do colega do Independent. Antes de agradecê-lo pela honestidade – e ir embora com o rabinho entre as pernas – respondi:
- Claro, mil peruanos valem o mesmo que dez franceses, ou uma Madeleine.
Ao que ele consentiu com a cabeça e um sorriso sem-graça.

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